O samba passou a ser o novo “pop” para os artistas da atualidade e a crescente reflete no número de eventos dedicados ao ritmo, já que nos streams, o sertanejo continua como rei, ao menos no último levantamento feito pelo Spotify e divulgado na retrospectiva de 2023.
De 2015, ano de estreia do projeto Tardezinha de Thiaguinho, para 2024, ficou nítida a alta na oferta de eventos de samba em todo o país, tanto de artistas que já cantavam o gênero como Mumuzinho com o ‘Resenha do Mumu’, e a banda Sorriso Maroto com o ‘Sorriso Maroto As Antigas’, até o surgimento de novas bandas e novos projetos como a banda Menos É Mais com o ‘Churrasquinho Menos É Mais’.
Fora do samba, tem quem tenha migrado para o estilo e sucedido na missão, como Ludmilla que explodiu em todo o Brasil com o projeto ‘Numanice’, inspirando cantores de funk e de outros gêneros musicais a se arriscarem no samba, a tirar por Glória Groove no ‘Serenata da GG’.
Os projetos que têm rodado o país, as famosas labels, são festas que tem uma identidade própria, apesar do ritmo ser o mesmo cantado por diversos artistas. Os eventos não costumam se resumir apenas na apresentação do palco, a ideia é sempre criar uma atmosfera diferenciada, uma experiência única que só pode ser vivida naquele evento.
Dois artistas baianos investiram pesado em labels dedicadas ao samba em 2024, o cantor Léo Santana com o projeto ‘Paggodin’, que se assemelha ao ‘Tardezinha’ e ao ‘Numanice’, e Xanddy Harmonia, que lançou o ‘Xanddy Samba de Roda’, voltado para as raízes do samba, quando Tia Ciata, natural de Santo Amaro, levou o gênero que nasceu na Bahia para o Rio de Janeiro, criando o que conhecemos hoje como samba.
Outro artista que trabalha para lançar o próprio projeto de samba é o cantor Carlinhos Brown, o músico se empolgou ao falar sobre o ‘Samba Guetho Square’ e o motivo de investir novamente no gênero.
“Com esse retorno do samba, eu comecei a fazer uma análise e eu me vi tão dentro… Sabe como tudo isso começou? Quando eu gravei um demo para Edson Conceição de ‘Não Deixe o Samba Morrer’, como percussionista lá com Rangel na WR. Aquilo ali foi um grande momento. Gravei também muito com Batatinha, com Gil e Caetano, eu escrevi vários sambas […] se é esse o estilo e se esse conceito está fortalecido, é sinal de que eu preciso também mostrar”, afirmou o artista.
Na terra do samba, o pagode sempre fez a festa. Mas, nos últimos anos, o público tem mostrado a preferência pela melodia menos arrastada e com a percussão mais suave, com letras menos explícitas, o que tem justificado a movimentação de artistas como Léo e Xanddy para projetos como o citado por Brown.
Em conversa com um empresário da área do entretenimento, que preferiu não ser identificado, pontuou a forma como a Bahia tem conhecido artistas que já faziam sucesso no gênero em outros estados e com a crescente do consumo sem descriminação de idade e condições sociais, passaram a alcançar novos públicos
“Por muito tempo a gente se deparou com um mercado machista e fechado. Já tem alguns anos que existe essa movimentação, tanto de artistas que já se apresentavam nesse ritmo, como Ju Moraes, por exemplo, que lançou o Sambaiana, Luciano Castilho que apostou no Samba do Lu. Tem vários outros artistas surgindo e muita gente que fez sucesso em 2007, por exemplo, mas fora da Bahia, que está se tornando popular para quem consome o samba agora. Tem muito menino novo fazendo um bom samba, muita mulher ganhando espaço e isso é importante culturalmente.”
E como já cantava Alcione na música de Edson Conceição e Aloisio Silva, o que importa mesmo é não deixar o samba morrer.