O apoio de Anitta fez disparar a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais há dez dias, aponta o Índice de Popularidade Digital (IPD), calculado diariamente pela empresa de consultoria e pesquisa Quaest.
Uma semana depois, as ameaças golpistas repetidas por Jair Bolsonaro (PL) a embaixadores estrangeiros causaram uma queda do presidente no mesmo indicador. Os dois movimentos contribuem para uma tendência de aproximação entre os rivais em termos de desempenho na internet.
O atual mandatário ainda lidera o ranking durante quase todo o ano de 2022, quando se considera as médias mensais —principalmente em abril e maio, quando subiu nas pesquisas. O petista, porém, colou no adversário nos últimos dois meses.
Seu pico mais recente aconteceu em 11 de julho, precisamente quando Anitta escreveu no Twitter: “Não sou petista e nunca fui. Mas este ano estou com Lula”, num post que rendeu quase 350 mil curtidas. “Vamos juntos envolver o Brasil!”, ele respondeu em referência à música da cantora.
Lula também ultrapassou Bolsonaro entre 17 e 22 de junho, quando as mortes do indigenista Bruno Pereira, 41, e do jornalista britânico Dom Phillips, 57, na região do Vale do Javari (AM), foram confirmadas e as investigações sobre o caso ganharam fôlego.
O IPD vai de 0 a 100 e ajuda a sentir a temperatura da corrida eleitoral. Ele é calculado desde 2018 por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis de seis sites: Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipedia e Google.
São monitoradas seis dimensões: presença digital (perfis ativos), fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).
No dia da publicação de Anitta, Lula teve um salto de 62,6 para 77,8 no índice. Logo depois, voltou para níveis mais baixos até chegar ao número mais recente: 64,2 nesta quarta (20).
Nem a bomba caseira que explodiu num ato com a sua presença no Rio, quatro dias antes, nem a repercussão do assassinato de um petista por um bolsonarista durante festa de aniversário em Foz do Iguaçu (PR), dois dias antes, haviam causado o mesmo efeito.
Da mesma forma que não influenciaram o indicador de Bolsonaro. O presidente se manteve estável nos últimos dois meses analisados. Só melhorou levemente entre 14 e 17 de julho, quando fez uma série de viagens a Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará e Minas Gerais (neste, passando por Juiz de Fora, local onde foi esfaqueado em 2018).
Nos últimos dias ele sofreu um declínio no índice, após repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, promover novas ameaças golpistas e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) durante uma apresentação a dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada.
A queda no período foi de 73,7 para 65,9, comparando o último domingo (17) com esta quarta. Ainda assim, ele supera Lula no ranking. Os dois seguem isolados dos concorrentes, o que mostra que as redes sociais refletem a polarização das pesquisas eleitorais.
Muito abaixo deles aparece o deputado federal mineiro André Janones (do Avante, com 30,1 pontos), que nesta última análise voltou a ultrapassar Ciro Gomes (do PDT, com 26,9 pontos). Em seguida se embolam Pablo Marçal (Pros), Luciano Bivar (União Brasil), Simone Tebet (MDB) e Felipe D’Avila (Novo).
Janones disparou no índice especificamente entre 13 e 17 de julho, quando fez muitas postagens sobre a aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que permitiu ao governo turbinar benefícios sociais em meio à corrida eleitoral.
O texto deu aval a sete medidas bastante populares, entre elas a ampliação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o fim do ano, a duplicação do Auxílio Gás para cerca de R$ 120 e a criação de um vale de R$ 1.000 para caminhoneiros.
Fonte: Júlia Barbon/Folhapress