O retorno da bissecular Festa da Boa Morte, em Cachoeira, após dois anos de pandemia da Covid-19, foi celebrado pela prefeita Eliana Gonzaga (Republicanos), nesta terça-feira (16), em entrevista ao editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra. A manifestação cultural, promovida pela Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte – formada por mulheres negras descendentes de escravizados – comemora a liberdade e pede proteção, mantendo vivos os elementos da cultura afro-brasileira misturados à a religiosidade cristã.
De acordo com a prefeita, o ponto alto da festa foi na segunda-feira (15), quando houve a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, seguida de procissão e samba de roda no Largo d’Ajuda. Na cidade, os festejos são realizados entre os dias 13 e 17 de agosto.
“A festa nos remete à preservação do legado deixado pelas nossas ancestrais, aquelas que fundaram a nossa irmandade, lá em 1820. Essas irmãs angariavam donativos e compravam cartas de alforria de outras negras para preservarem nossa fé e ancestralidade. É bonito ver toda a preocupação delas em comprar essas cartas para liberar outras mulheres, justamente com a única finalidade de preservar nossa fé e ancestralidade”, descreveu.
Segundo a gestora, a cidade aguardou o retorno dos festejos com muita expectativa, sobretudo em função da possibilidade de aquecimento da economia local, já que diversos turistas se dirigem à Cachoeira nesta época para prestigiar a tradição.
“Todos os anos, Cachoeira espera pela Festa da Boa Morte com grande expectativa, porque recebemos milhares de turistas e, desta forma, aquecemos a economia local. Mesmo neste ano pós-pandemia, ainda assim, a festa não perdeu seu encanto e glamour, com milhares de pessoas vindo prestigiar os festejos da nossa Irmandade, comemorando os nossos 202 anos”, afirmou.
A prefeita, inclusive, celebrou a quantidade de visitantes na cidade para os festejos. De acordo com ela, os números superaram “todas as expectativas” e contribuíram com o comércio local neste momento de retomada pós-pandemia.
“O público superou todas as nossas expectativas, gerando o fortalecimento da economia local. Toda nossa rede de hotéis super lotada, restaurantes em movimentação plena e todo o comércio trabalhando de forma muito efervescente”, celebrou.

Apoio total da gestão
Outro ponto destacado por Eliana, foi o apoio dado à festa pela gestão municipal. Segundo ela, por ser uma mulher negra e primeira prefeita de Cachoeira, os festejos da Boa Morte têm apoio “incisivo e prioritário”.
“Enquanto mulher negra e primeira prefeita de uma cidade rica em cultura e ancestralidade, apoiamos a festa de forma incisiva e prioritária, por entendermos que devemos preservar e valorizar a nossa cultura ancestral, formada por mulheres pretas, e a única, no mundo, a cultuar a morte de Maria”, ressaltou.
Por fim, a prefeita de Cachoeira destacou que a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é a única constituída como uma sociedade abolicionista feminina já existente na América.
“Ela também é responsável pela formação da Instituição Negra na Bahia, portanto devemos cumprir esse papel importantíssimo de preservar a nossa cultura de uma forma viva, manter essa cultura viva nos corações, não apenas dos cachoeiranos, mas dos baianos, brasileiros e de todos os turistas”, completou.
Com Informações Porta M!