A cobertura parcial da imprensa brasileira sobre o conflito entre Israel e o Irã foi um dos temas abordados durante a participação do jornalista Leandro Demori no Jornal da Metropole no Ar desta terça-feira (17). No programa, Demori criticou a forma como veículos de comunicação têm utilizado termos distintos para se referir a diferentes governos, destacando que a escolha entre chamar um país de “regime” ou “governo” revela uma tentativa de manipular a percepção do público, alinhando a narrativa midiática a interesses políticos específicos.
“Note que, em alguns países, você chama governo de regime. Em outros, chama de governo, né? Eu me pergunto por que o governo do Irã hoje não é chamado de governo. Regime é uma palavra que se usa quando você quer depreciar um governo, dizer que é autoritário, ditatorial e que impediu bases mínimas de democracia e direitos humanos. A cobertura da imprensa começa, já chamando o Irã de regime e o governo do Netanyahu de governo. A escolha de palavras não é neutra”, criticou.
Confira a entrevista completa:
O jornalista explicou que essa escolha linguística não é neutra: ao empregar o termo “regime” para uns e “governo” para outros, a mídia constrói uma percepção seletiva de legitimidade. Para ele, esse enquadramento tem impacto direto na forma como a opinião pública interpreta o conflito, especialmente quando se omitem atos como os bombardeios promovidos por Israel em países vizinhos.
Ele também faz uma analogia com a postura adotada pela Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, destacando que o país reconheceu os crimes cometidos durante o Holocausto e, desde então, implementa políticas públicas de memória e reparação, buscando evitar que os horrores do passado se repitam. Segundo o jornalista, Israel, enquanto nação, também deverá, em algum momento da história, prestar contas pelas ações cometidas.
“Israel terá que fazer isso [lidar com seu passado] em algum momento da sua história”, afirmou o jornalista, referindo-se ao processo de revisão crítica e responsabilização histórica, com políticas de reparação, que, segundo ele, ainda está por vir.
Fonte: METRO1
